Transplante hepático e prevenção de transtornos mentais desde a infância

O Instituto da Criança do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), comemora os 30 anos do primeiro transplante de fígado. O programa foi iniciado em setembro de 1989. Cerca de 850 pacientes portadores de doenças hepáticas terminais foram submetidos ao transplante, o que significou uma nova perspectiva de vida a crianças antes condenadas ao óbito em curto espaço de tempo. O Jornal da USP no Ar entrevistou o professor Uenis Tannuri, presidente do Conselho Diretor do Instituto da Criança do HC, sobre o trabalho que o instituto está entregando para a sociedade brasileira.

Atualmente, o Instituto da Criança é o maior centro universitário de transplante hepático pediátrico do País e um dos mais expressivos do mundo. Os casos atendidos no instituto são os de maior gravidade e complexidade, sendo que cerca de 80% dos pacientes são provenientes de outros estados da Federação. O professor Tannuri explica que, aproximadamente, 60% das crianças que carecem de transplante são acometidas por uma doença chamada atresia de vias biliares. Trata-se do acometimento das vias biliares do fígado, que evolui para uma cirrose e leva o paciente a óbito. Outra doença muito grave na criança, e que temos uma grande expertise aqui no instituto, é a hepatite fulminante. O instituto consegue preparar um doador em poucas horas e realizar o transplante no mesmo dia.

Também neste episódio, os projetos do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Psiquiatria do Desenvolvimento para Crianças e Adolescentes (INPD), criado em 2009. O Jornal conversou com seu coordenador, Eurípedes Miguel, que também é chefe do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da USP, responsável pelo Programa Primeiros Laços, e com Guilherme Polanczyk, membro do American College of Neuropsychopharmacology e professor adjunto da Yale University.

O INPD possui dois grandes projetos focados no desenvolvimento infantil. Um deles é o Programa Primeiros Laços, uma intervenção baseada num programa de visitação domiciliar por enfermeiros com mães adolescentes e seus filhos em condições adversas. O outro é a Coorte de Alto Risco, um estudo de neurociência populacional que utiliza um desenho de coorte acelerado para mapear o desenvolvimento de 2.500 crianças. Importantes fatores de risco e marcadores biológicos para transtornos mentais já foram identificados. A concepção do instituto surgiu em parte de uma realidade atual: a sociedade está mais preocupada com a saúde mental. Os transtornos mentais, geralmente, começam na infância e têm uma evolução crônica.

Não se esqueça, essas e outras entrevistas você acompanha de segunda a sexta, das 7h30 a 9h30, na Rádio USP 93,7 em São Paulo, e 107,9 em Ribeirão Preto e streaming. Você pode baixar o podcast e ouvir a qualquer hora, acessando jornal.usp.br  ou utilizar seu agregador de podcast preferido, no Spotify, iTunes e CastBox.

Apresentação e produção: Roxane Ré

Edição de Som: Cido Tavares