Pesquisadores dão abraço simbólico na Capes e protestam contra cortes: ‘desprezo pela ciência’

Cordenadores protestaram com um 'abraço' simbólico no prédio da Capes, em BrasíliaFoto: Jorge William / Agência O Globo

Cordenadores protestaram com um ‘abraço’ simbólico no prédio da Capes, em Brasília Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA – . Representantes de 65 programas de pós-graduação da área de ciências biológicas, que envolvem cerca de 200 professores orientadores e seis mil alunos de mestrado e doutorado, divulgaram um manifesto nesta terça-feira contra os cortes feitos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ( Capes ), vinculada ao Ministério da Educação ( MEC ). Neste ano, mais de 11 mil bolsas de pesquisa foram cortadas pela entidade e seu orçamento em 2020 cairá pela metade, segundo a proposta enviada pelo governo ao Congresso. Os coordenadores protestaram com um “abraço” simbólico no prédio da Capes, em Brasília, e entrega de rosas.

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“Os cortes já anunciados representam profundo desprezo pelos trabalhos da Ciência e Tecnologia e Inovação do país, com efeitos certamente deletérios ns qualidade da educação superior e básica”, diz a nota. O comunicado diz afirma que a queda dos recursos em 50% no ano que vem representará um “duro golpe nas atividades que vêm sendo realizadas pelos programas” e assinala que a manutenção da “política de cortes pode inviabilizar vários programas de pós-graduação e mesmo a própria Capes”.

A nota foi redigida após reunião dos coordenadores na Capes, em Brasília. Eles aproveitaram encontros previamente marcados esta semana no órgão, sobre a avaliação dos programas de pós, para buscar informações a respeito da situação orçamentária. Não foram recebidos pelo presidente da Capes, Anderson Correia, segundo representantes do grupo. De diretores da Capes, ouviram que o cenário é de fato ruim e foram aconselhados a buscar apoio do Congresso, onde o orçamento pode ser aumentado.

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No comunicado, os pesquisadores ressaltam que a crise deflagrada em 2013-2014 já vem impondo cortes e restrições orçamentárias à ciência com impactos negativos. E não só nos órgãos federais, mas também nas agência regionais de fomento. Eles afirmam que 95% de toda a produção científica do país é produzida pelos cursos de pós-graduação e seus bolsistas. “Reivindicamos o estabelecimento imediato do financiamento em ciência e educação”, protestam na nota, que será entregue a Capes.