Mentoria auxilia estudantes de Medicina nos desafios acadêmicos

O projeto Mentoria FMUSP, da Faculdade de Medicina da USP, completa 18 anos em 2019. O programa foi criado pelo professor Milton de Arruda Martins e busca ajudar os alunos a cuidar de sua saúde física e emocional. Grupos de estudantes e médicos experientes se reúnem uma vez por mês para discutir sobre a profissão e sobre si mesmos ao longo da formação médica, trocando experiências e criando um ambiente de acolhimento e aprendizagem mútua. Para saber mais sobre isso, o Jornal da USP no Arconversou com a professora Patrícia Bellodi, mestre e doutora em Psicologia Clínica e coordenadora do programa.
Patrícia conta que atualmente há em torno de 300 a 400 alunos inscritos na Mentoria, e que se recomenda participar de iniciativas como essa principalmente em momentos de transição, como a entrada ou saída da Universidade. “Recordando as palavras de uma aluna de Medicina, que me disse certa vez que ‘quando chegamos na faculdade e no curso médico, esperamos que a felicidade vai estar nos esperando de estetoscópio no pescoço e braços abertos’, mas, na verdade, há muitos desafios, vicissitudes, aliados e inimigos, como a jornada do herói descreve bem. Entrar no curso é o início dessa jornada, e a figura de um velho sábio – no caso, o mentor, que aqui pode ser um professor, médico do Hospital Universitário ou um aluno que está concluindo o curso – pode ser de grande ajuda”, conta ela.
Era na medicina que Scliar encontrava a oportunidade de colaborar com as populações de baixa renda – Fotomontagem / Fotos: Marcos Santos / USP Imagens

As maiores dificuldades relatadas por mentorados são relacionadas à adaptação ao modelo universitário, pois, segundo a doutora, “o jovem sai de um modelo de escola, que tem uma ideia de comunidade, para cair num ambiente em que as coisas ainda não são muito bem definidas, já que na universidade o aluno tem mais autonomia no gerenciamento de sua formação”. Em se tratando especificamente dos alunos de Medicina, os principais assuntos levantados se referem ao exercício da profissão, por terem que lidar com situações de vida e morte, sofrimento e também a competição, que “é uma marca no curso, tanto no ingresso do estudante quanto na saída, na qual ele passa por provas de residência”. As relações aluno-paciente e aluno-professor também são levantadas frequentemente, assim como o dilema na escolha da especialização médica.

“O curso de Medicina oferece uma rede muito ampla de cuidados com o estudante, sendo aprimorada cada vez mais. A Mentoria se insere num momento preventivo, para evitar que algumas condições se configurem e levem o aluno a adoecer. É uma atividade terapêutica, pois permite o compartilhamento de pensamentos, dores e alegrias da vivência universitária que são comuns para todos. Isso pode inclusive sensibilizar os alunos a procurarem ajuda especializada, se for o caso”, explica a coordenadora. Para mais informações, basta acessar o site do projeto.