Estudo aponta dados clínicos de casos mais graves de febre amarela

A Organização Mundial da Saúde (OMS) eleva o alerta sobre a febre amarela no Brasil e amplia a área onde a vacinação é recomendada a estrangeiros e turistas que visitem o País. Para a entidade, existem indícios de que uma “terceira onda” de contaminação esteja sendo iniciada, numa progressão do surto em direção ao Sul e Sudeste do Brasil. A iniciativa foi tomada depois que casos em humanos foram notificados de julho de 2018 a janeiro de 2019 em nove municípios do Estado de São Paulo, bem como a confirmação de casos humanos e epizootias (mortes de macacos) por febre amarela no Estado do Paraná. Imunização é a medida mais importante, segundo a OMS. Um seminário na Faculdade de Medicina (FM) da USP irá discutir o tema.

O professor da unidade, infectologista Esper Kallás, surpreende-se com a falta de tratamentos relativos à doença, ainda que descoberta há mais de século. A faculdade, então, reuniu esforços junto ao Hospital das Clínicas (HC) e ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas, com o intuito de pesquisar sinais e sintomas de piora nos quadros, além de propor medidas que inibam a multiplicação e diminuam a quantidade de vírus no organismo (os antivirais).

A febre amarela manifestou-se no Brasil pela última vez na década de 40. Só agora, em 2013, voltou a aparecer. Apesar de ressaltar a eficácia da vacina, o médico (especialista em imunologia clínica e alergia) afirma a necessidade de salvar aqueles já infectados. Os casos relatados e analisados apresentam mortandade de cerca de 30% entre aqueles já doentes, em algumas séries estatísticas até de 40%. O avanço dos estudos indica que pessoas mais velhas, com maior índice inflamatório, estágios avançados de lesão hepática e genética mais suscetível são aquelas em maior risco. O principal alvo do vírus é o fígado, órgão vital.

A ética médica exige atenção àqueles mais vulneráveis, identificá-los é o primeiro passo. Mesmo assim, nas avançadas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do HC e Instituto de Infectologia Emílio Ribas, os óbitos ocasionalmente não podem ser evitados. Foram tentados em quadros gravíssimos o transplante de fígado no contaminado. Além disso, “pesquisadores das três instituições juntaram-se para testar a ação de medicamentos indicados no combate da hepatite C, com o fim de limitar a ação viral da febre amarela”, informa Kallás.

A prevenção continua sendo o melhor remédio, de qualquer maneira. A doença é, sobretudo, relativa aos macacos. Acompanhar a infecção nesses animais é fundamental para se descobrir a direção das futuras ondas. Advinda do Norte e Nordeste, passou pelos estados de Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, e agora está no Paraná. Em vista disso, deve-se acelerar as campanhas de vacinação, visando ao próximo período entre dezembro deste ano e maio que vem, dada a sazonalidade da febre amarela (época de reprodução dos mosquitos transmissores).

Seminário da Faculdade de Medicina desta quarta-feira, 13 de março, será acerca da Febre Amarela.

Fonte:

Jornal USP