Combate ao traumatismo raquimedular tem foco na prevenção

Entende-se por Traumatismo Raquimedular (TRM) lesão de qualquer causa externa na coluna vertebral, incluindo ou não a medula ou as raízes nervosas, em qualquer dos seus segmentos (cervical, dorsal, lombossacro). Frequentemente está associado a trauma cranioencefálico ou politrauma. Ocorre na maioria dos casos por conta de acidentes de trânsito, quedas, acidentes ao mergulhar em local raso, por exemplo. Como nenhuma tecnologia desenvolvida conseguiu regenerar os neurônios perdidos por lesão medular, a reabilitação tenta intensificar estímulos neurais e motores. Outros recursos têm sido estudados, como o uso de células-tronco na ortopedia, desde lesões cartilaginosas em patologias como osteoartrose até lesões nervosas como em trauma raquimedular.

Jornal da USP no Ar conversou sobre as perspectivas de tratamento com o especialista Alexandre Fogaça, chefe do Grupo de Coluna do Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Ele explica que o traumatismo raquimedular e suas formas de tratamento ainda desafiam a área médica. “Apesar dos avanços, a gente ainda não tem uma cura para a lesão medular. Tudo o que se faz para tratá-la se divide em três partes: a prevenção, o tratamento e — a última fase — a reabilitação. O foco ainda tem que ser a prevenção, porque, uma vez que aconteça a lesão, você tem vários tipos de tratamento. Você faz cirurgia para descomprimir a medula, estabilizar a coluna, mas isso não traz de volta a função da medula uma vez lesada.”

Foto: Bruce Blaus via Wikimedia Commons/CC BY 3.0

O processo de reabilitação, no caso, apresenta um notável progresso, como explica Fogaça: “Além de tudo o que se fazia antes, hoje se tem uma vestimenta que o paciente coloca e vai controlar isso, como se fosse uma armadura, com ondas cerebrais, quando ele não tem a função das mãos e consegue ter alguns movimentos. Mas, novamente, não é um tratamento para a lesão, o paciente continua com ela”. O especialista ressalta que, nas linhas de estudos que se desenvolvem, são utilizadas células-tronco gliolfativas, que seguem uma linha neurológica, já que são capazes de restabelecer a conexão, permitindo transmitir as informações do cérebro para os membros.

A principal frente de atuação sobre o traumatismo raquimedular é justamente antes dele acontecer. Fogaça reafirma a necessidade da prevenção: “Os principais causadores de lesão medular são os acidentes de trânsito. É para quem está dirigindo ou está no carro usar o cinto de segurança, respeitar as leis de trânsito, ter cuidado com os pedestres”, além das orientações para motociclistas e para as pessoas que vão em algum local onde haja rios ou lagos. “Uma vez que a lesão aconteça, é fundamental que esse paciente tenha acesso a um centro especializado em menos de 24 horas. A literatura médica também mostra que o prognóstico da lesão medular melhora quando o paciente tem a medula descomprimida em menos de 24 horas”, afirma Fogaça.

Fonte:

Jornal USP